O jogador egípcio Ahmed Refaat, 30, do time Future FC, sofreu uma parada cardíaca durante uma partida, na terça-feira (12). O coração de Refaat parou por mais de uma hora, mas com as tentativas de reanimação, os batimentos cardíacos retornaram.A saúde do atleta permanece instável do ponto de vista médico. Ele está internado no Hospital Zamzam e continua com o tratamento e realizando exames necessários.
No protocolo internacional, a tentativa de reanimação tem no mínimo 40 minutos e vai até 60 minutos. Se o coração não voltar à atividade neste período, é decretado o óbito.
“No caso do jogador, ele ficou muito no limite deste protocolo. O que o permitiu ultrapassar esse limite foi o privilégio de ele ser um atleta, ter uma reserva orgânica boa. Seria muito difícil se fosse uma pessoa comum, com o coração com outros antecedentes”, afirma Edmo Atique Gabriel, cardiologista e cirurgião cardíaco.
De acordo com o médico, em uma situação como a de Refaat, duas estratégias podem ser seguidas: cumprir o protocolo e tentar reanimação por, no mínimo, 40 minutos e, mesmo sem sucesso, insistir um pouco, ou executar as manobras observando se o paciente tem períodos em que o coração volta. “Esses sinais intermitentes dão esperança à equipe”, diz.
O que é a parada cardiorrespiratória?
A parada cardiorrespiratória é determinada pela ausência de batimentos cardíacos com ausência de ciclos respiratórios, explica Edmo Atique Gabriel.
“A primeira coisa é constatar a ausência de respiração ou de pulso. Imagino que, no caso em questão, o jogador caiu em campo, os colegas perceberam que ele não respondia e chamaram ajuda. A equipe médica deve ter constatado que ele estava em parada cardíaca porque ele não respirava e não tinha pulso”, diz o cardiologista.
O protocolo é fazer a reanimação com uso do desfibrilador —um aparelho que produz um choque elétrico no coração para restabelecer o ritmo cardíaco.
O aparelho tem um monitor acoplado que indica qual tipo de parada.
Existem três:
1 – Assistolia: o monitor indica uma linha reta. Diante dessa parada, a conduta é usar drogas vasoativas e fazer massagem cardíaca;
2 – Atividade elétrica sem pulso: não tem o pulso palpável, mas o eletrocardiograma indica movimentos isolados. Nesse caso, a parada ocorreu por causa reversível (ausência de sódio ou potássio ou corpo estranho).
O protocolo é buscar a causa e tratá-la;
3 – Fibrilação ventricular: no eletrocardiograma há tremor na linha de base do traçado e ondas muito rápidas e sem qualquer padrão. Nesse caso, é necessário o uso do desfibrilador para o choque.
O princípio de reanimação do coração é a massagem cardíaca, com auxílio de medicações vasoativas e/ou choques com o desfibrilador. É assim que o coração e os outros órgãos mantêm certo grau de vitalidade.
“Nesse período de reanimação, o único procedimento que você não para em momento algum é a massagem cardíaca. Ao longo dessa uma hora que esse jogador ficou sendo reanimado, com certeza ele ficou durante uma hora seguida sendo massageado. As pessoas que prestam o atendimento se revezam, geralmente a cada dois ou três minutos. Mas você não pode parar em nenhum momento o ritmo das massagens”, diz Edmo Atique Gabriel
Os tipos mais difíceis para reversão, diz o cardiologista, são quadros de assistolia e fibrilação. “No caso do jogador, é menos provável que seja atividade elétrica sem pulso, por ter durado uma hora. Nestes casos, é tratada a causa, como desobstruir vias ou repor o sódio ou potássio. Já a assistolia ou fibrilação, indica uma condição cardíaca como arritmia pelo esforço físico ou um infarto.” Com informações de
UOL.